terça-feira, agosto 31, 2010

Desejo nada menos que tudo
E tudo dentro do meu superlativo
O maior
O melhor
O pior
Do pior.

molestas 1.0

Zumbidos da madrugada
Não são mosquitos que perturbam
Um sono tranqüilo.

A fumaça que fora tragada
num gole seco de conhaque

Alivia

O frio da serra ilude a cerne
Com a brisa do lugar onde nunca foste

E no divã do banheiro
Pensamentos afundam n`água
Ou bóiam como sentimentos

Cogito
Não existo!

Quanto homem sou pensamento
Na violência do sexo
Sem nome sem rosto sem credo
Sem Sexo Sem Onde

Definido pela ordem que coordena
Atitudes de magazines rosa-choque

Na falta de ídolos
Milhares de ideologias
E conexões em redes de furada

Ah...
Deuses de um olho que são reis
No mundo dos caolhas
Zombam de Xiva e seu terceiro olho.

E o Cu…
na mesma continua.

domingo, agosto 29, 2010

12 anos

Edith chega em casa as 19:45 completamente embriagada, bate a porta bruscamente tropeça numa
das sandalhas de couro de bode de Ernesto;
_ Puta merda! Retira sua bota se escorando na parede… ouve:
_ Amor…. é voce….
_ É Ernesto é seu amor sim… sua mãezinha de porre again, baby.
Edith caminhou ate a cozinha , abriu a geladeira, pegou a ultima lata de cerveja que havia na gaveta
de alimentos frescos, abriu a e tomou num só gole.
Vestindo pantufas cor de berinjela, uma cueca de seda com estampas de ursos e pirulitos, enxugando
os ombros molhados com uma toalha de rosto de mais ou menos uns vinte anos aparece Ernesto:
_ Meu bem, que saudades. Estava preocupado. Disse Ernesto com um sorriso no rosto._ Como foi a
noite no trabalho? Pensei que fosse chegar por volta da uma da tarde, mas daí resolvi ligar para a Alex e
ela me disse que você tinha ido para a casa de alguém lá pra cima do Cosme Velho dá uma esticada com a
galera da balada. Vocês foram para a casa do Bernardo? O que foi que rolou lá? Como...
_ Chega!!! Calma que é muita pergunta e eu to chapada pra caralho. Vai pegar minha caixinha... Virou a costas para Ernesto e foi em direção a cristaleira em busca de alguma coisa para beber.
_Ernesto… só tinha essa lata mesmo… gritou Edith._ Vai lá embaixo comprar mais cerveja pra gente.
_Calma amor…. Ta aqui a caixinha….
Ernesto tenta dar um beijo e Edith se joga no sofa, bufa e abre a caixinha. Diz para Ernesto sentar na outra
extremidade do sofa para fazer-lhe uma massagem nos pés. Prontamente Ernesto atende o pedido de sua
amada e antes mesmo que ela pegue todos os artefatos para confeccionar um baseado, ele a apresenta um
com um largo sorriso no rosto. Edith apenas o pega e o acende, da três fortes tragadas e olha para a cara de
Ernesto.
_ Porra cara, vai ficar ai parado… Poe logo uma musica.
_ O que você quer ouvir….
_ Qualquer Cd da minha coleção. E… nao me venha com essas suas cafonisses de musica regional.
Ah…pega aquele Cd que está em cima da televisão. Pausa para mais uma tragada._ Ganhei… de… um…
dj… na noite de sábado. Termina a frase soltando uma tosse rasgada.
_ Amor, voce dormiu ?
_ Dormir pra que?
_ Mas você esta a dois dias ligada.
_E daí?
_ Voce comeu?
_ Bebi.
_ Mas não comeu nada?
_ Bolinha ou melhor, bolinhas.
_ Voce é louca!
_ Novidade….
_ Me passa ae o baseado.
Ernesto pega o baseado a contragosto de Edith. Ela viaja nos barulhinhos da musica. De olhos fechados
estende o braço e pede o baseado.
Ele fala sobre como toda musica eletrônica é igual...
_ Porra lá vem você falar a mesma coisa. Nao fode Ernesto Voce gosta de samba e eu de tecno, você gosta de pepsi
e eu de coca, você gosta de Cuba e eu de Nova Iorque….Caralho!!! a única coisa em comum é que gostamos de buceta,
maconha e birita. Falando nisso , ta na hora de voce comprar umas cervejas caso contrario serei obrigada a abrir a garrafa
de doze anos que seu pai trouxe de Dublin pra voce.
Ernesto calmamente pega sua camisa de baixo da almofada e a desamarrota, olha para Edith e da um leve sorriso. Enquanto
levanta para pegar a carteira, diz com uma voz rouca:
_ Eu te amo. Amo seu jeito de ser. Amo sua anarquia. Amo sua falta
de ideologia, amo mais ainda seu mau humor…. quando você acorda…
_ Cala a boca e anda logo…
As 22: 38 Ernesto sai de seu apartamento na Almirante Tamandaré e caminha ate o Largo do Machado para comprar oito
garrafas de cervejas e tres maços de cigarros no bar do Seu Neca .
Sozinha no apartamento, Edith aumenta o volume da musica pelo controle remoto. Busca em sua caixinha algum comprimido
que combine com o momento. Pensa tomar pastilhas para déficit de atenção mas opta por combinar meio comprimido de meta-
anfetamina e um quarto de um calmante. Eufórica Edith vai ate a cozinha para ver as horas num relógio
de parede, ve que marcam mais de meia noite, volta a sala , abre a garrafa de doze anos e põe um disco coletânea de rock gotico
da decada de oitenta.
As 2:00, madrugada de terça-feira o telefone toca. Edith cambaleando caminha até o telefone. Com a voz embargada e soluçando atende :
_A…Alo?
_ Alo, aqui é do corpo de bombeiro e ligamos para informar que Ernesto Viera da Cunha se encontra em estado grave no Hospital Souza Aguiar.
_ É mesmo…
_ Ele foi atropelado por um ônibus na região do Flamengo e com ele haviam documentos, oito garrafas de cervejas, três maços de cigarros e um
baseado amassado no fundo da carteira…. é provável que senhora tenha de dar esclarecimentos a policia…
_ Meu bem… eu já bebi todo o doze anos…. e Edith bateu o telefone e finalmente foi dormir.