terça-feira, dezembro 21, 2010

tarde

O sol
Brilha na pele seca
Desidrata em sal
O mar
Tempera-tempera
Os lábios molhados
Servidos no prato
Fundo-fundo
Perto dos olhos de Netuno
Destorcem a visão do mundo

Que será do futuro, já que
Turvo-turvo
Os olhos emudecem
Quando a boca cega
Nega-nega
E renega o tato nocivo
Do libido astral

Absorva
Sinta-sinta
Drene a gota
A saliva que escorre pela boca
Como o veneno cura a enfermidade
Arde-arde
A carne
Já que amanha está tarde
Demais - para se alcançar a paz
Demais - para compreender o Jazz.

quinta-feira, setembro 09, 2010

trip into Shakespeare 01/04/2010

Beijo teus lábios busco uma gota de veneno
Sacio meu desejo numa funesta devoção
Luto contra o mundo para provar sua carne
Mesmo que seja tarde, te pedirei perdão
Para voar longe sob pés firmes,
Em terra de homens tristes,
Aprendi a dizer não.
Pois fora um sopro, um alento
Sob forma de veneno
Que cerrara essa paixão.

trip into Shakespeare 01/04/2010

molestas 1.7

Vestiu-se sem ruídos,
Disse adeus ao espelho,
Correu para os braços de quem não devia;
Numa esquina que não é nada tranqüila,
Descarregar seus anseios.
Qualquer birita; cerveja, wiskey, tequila
Um cinzeiro limpo em dois segundos encardido
Cinzas, guimbas e marcas de batom
Expôs-se aos sem nomes
Teve apreço
Esquadrinhou a rua deserta e saiu
Trocando pernas Só sete pernas
Da esquina nada quieta
Ao bordel de cores discretas
Passou as chaves
Ressoou timbres metálicos
Como o gosto de chumbo depois de um sábado
Tentou lembrar o que fizera
A cabeça soava o gongo dos sádicos
Nada lembrara pois turvo estava
A desilusão acolerada o cegara.

quarta-feira, setembro 08, 2010

molestas 1.6

Lagrimas escorrem entre sardas
Irrigando a barba avermelhada
E hidrata a pele ressecada
Pela fumaça
_______
O sorriso amarelado confunde
A melancolia em sabedoria
A esperteza em arrogância
Quando crenças são esperanças
Mas a dor é a mesma
Nem maior nem menor
É apenas dor
Sem nome sem rosto e sem cor
Que não tem explicação
E é bela, mesmo com olheiras mórbidas.

domingo, setembro 05, 2010

molestas 1.5

Abandonei o sorriso mais lindo
Para tomar um trago de Fernet
E no frio da madrugada
procurei num puteiro da Rivadavia
um corpo pra me aquecer.

sábado, setembro 04, 2010

molestas 1.4

A garganta arranha a cada palavra
Quando imprópria se faz a hora exata
Seja da chegada ou da partida
Em uma frase cabem ordinárias feridas.

molestas 1.3

Na noite fria
Sem pau, sem Cu e sem língua
Uma garrafa de Merlot converti a Messias
Por ter me salvo da agonia
Da abstinência persuasível
Absolutamente psíquica
Absolutamente feminina
Absolutamente histérica
e…
Hipoteticamente realística.

molestas 1.2

Um sorriso obliquo nada invitatório
Rompe da face incrédula dos derrotados
Algo parecido como um dia de outono,
Cinzento e nublado, de cores frias e pasteis.

Somente o latido dos vira-latas posso ouvir
Vozes de todas as tonalidades a reclamar,
Seja sobre gol do adversário no ultimo minuto
Ou sobre o que não terá para beber ou fumar.

quinta-feira, setembro 02, 2010

o q te molesta 1.1

As vozes ecoaram no deserto cinza
Nada pode se compreender enquanto bêbado
E num sofá de couro vermelho coçou o saco
Sentiu o frio do vazio

No deserto cinza brotaram flores com a fumaça
As palavras surgiram e adjetivaram o nada
Reorganizando a sentimacoteca
Só para complicar o futuro próximo
E confundir o que rolou ontem

Para agora,
apenas limpar o cinzeiro.