segunda-feira, abril 02, 2007
Adios Abuelita
Agora, resta apenas a carne morta
Mãos e pés púrpuros de frigidez
Gordura velha e apodrecida
De tanto viver, de tanto amar a vida
Exemplo de fé na fé
Onde não há esperança
Inocente, viveu como santa
Parindo e repartindo
Cria na força Divina
Poder supremo infinito
Iletrada e bem amada
Nunca teve dias de Gloria
Êxtase de fervor curandeiro
Agarrada ao terço
Nunca pedia, apenas agradecia
Referencia de amor incondicional
A velha gorda dos contos de fadas
Sentada na varanda, tricotando
Não falava mal de nada nem ninguém
Era a vovó de todos, todos a queriam bem
Com uma mão de ferro e outra de algodão
Em seu peito de aço e lombo de chumbo
Em todos os ritmos de devoção
Viveu até o noventa e um
Sim! A carne está morta
O corpo pesado dá trabalho
Muitas lembranças ficarão
Da velha senhora que nos amava
E nos ensinou a apenas ser e crer.
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