quinta-feira, abril 09, 2009

Aurea

Oito anos antes da morte de Aurea
Alice fora feliz
Sorria quando andava pela avenida
Vestida de chita
Estampas tropicais
Alice usava sapatos cor rubi
Cintilava como a fé
Da velha Aurea
Cuja a fragil compleiçao
Escondia a força
Da crença de seus noventa e dois anos

Nove filhos, Dezesseis netos
Quatro bisnetos
E Alice

Agora perdida.

Púrpura em divina
Aurea de Aurea
Irradiava de sua mente brilhante
Da consciente humildade
Da vida bem vivida
A beleza da ignorância
A sabedoria da fé
Humana
Que vira os dias de uma longa vida
Sentada na cadeira de vime
Na varanda de casa
Rezando e pedindo o bem de todos
Falando de vizinhos para vizinhos

Alice perdera Aurea
Encontra maltrapilha e desbotada
Anda pela rua de barro
Pensa no que fez ontém
Nao lembra o que foi
Nao lembra mais de nada
Perdeu a inocencia
A fé que fora herdada
Agora jogada
As aranhas de marte
Que gritam ruidosamente
É hora de Liberdade

A boa fé morreu
Restaram apenas lembranças
Da época de criança
Dos dias quentes no subúrbio
Sentado na varanda
Enchendo-se de sabedoria
Da velha Aurea
Aurea chamada esperança
Que morrera para Alice
Re-colorindo a vida
Borrando sonhos
Enterrando segredos
Abrindo portas

Alice nao sabe onde ir
Pensa pensa e pensa
Se viverá tanto quanto
Aurea e seus noventa e dois
Anos de dedicaçao
Ao amor cristao
Desconhecido de todos
Falado por muitos
Conhecido por Alice
Que mesmo perdida
ainda imagina
Encontrar sua fé inocente
Numa das portas da vida.

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